A Lei Orgânica do Município
(1990), em seu artigo 237, classifica Ubatuba como pólo turístico, ressaltando
que o turismo é a principal fonte de renda, e que seu desenvolvimento econômico
se dará através do incentivo da atividade turística, que deverá ser realizada
de forma a contribuir para elevar o nível de vida e o bem-estar da população
local.
O que presenciamos é mais uma
teoria que, ao longo de 24 anos, nunca foi aplicada. Isso se deve
porque historicamente o que se pratica em Ubatuba não são políticas
públicas e sim políticas governamentais. A cada governo uma nova “política”,
para aquele momento especifico,
meramente institucional e administrativa, sem profundidade e
objetividade, sem visão de longo prazo. Quem sofre? Todos, moradores e
turistas, que ao longo do tempo vêem o Município
em declínio, a falta de envolvimento da comunidade e a falta de estrutura e planejamento.
O que precisamos é de um plano
tecnicamente eficiente e politicamente viável, parece que essa é uma equação
irresolúvel. Sempre que um plano é muito bom tecnicamente é
politicamente inviável, e não será
executado, o mesmo se dá ao inverso.
Quais os critérios que devem ser adotados para que se tenha equilíbrio entre os
aspectos técnicos e políticos do planejamento?
Pela minha visão tacanha, o
principal é uma relação entre a parte administrativa e a parte política,
visando o coletivo. Parece utópico? Talvez o seja. Mas, o interesse coletivo
deve prevalecer, e os poderes executivo
e legislativo devem fazer a sua parte, de terem suas ações voltadas para o
interesse público, já que foram eleitos pela maioria para servirem a população.
Cabe a comunidade se apoderar de seus direitos e cobrar de seus eleitos que
cumpram com seus deveres, atuando em favor do real interesse coletivo, adotando
políticas públicas aplicáveis do ponto de vista financeiro, econômico e
político.
Um dos principais problemas da
ausência de planejamento em localidades turísticas reside no crescimento
descontrolado, que pode levar à descaracterização e à perda da originalidade
das destinações que motiva o fluxo dos turistas, bem como, o empreendimento de
ações isoladas, esporádicas e eleitoreiras desvinculadas de uma visão ampla do
fenômeno turístico, como mencionado.
Para se alterar a situação de estagnação e
declínio que se encontra o Município de Ubatuba é necessário a realização de um
planejamento de longo prazo, que permite a tomada de medidas quantitativas e
qualitativas capazes de conduzir a um
produto turístico de qualidade, que traz benefícios à população residente e aos turistas . O desenvolvimento do turismo promove a integração do homem com o meio ambiente, possibilitando
a conservação e revitalização da herança cultural e natural, principalmente
quando há o envolvimento de todos os atores, garantindo a satisfação do turista que busca
conhecer novas culturas, contribuindo para elevar o nível de vida da população local, como
estabelecido na nossa Lei Orgânica.
Precisamos aprender a planejar o
turismo como rede de negócios, o que é uma mudança de paradigma. A rede de negócios é uma configuração de
relações entre atores sociais, ou seja, um grupo de organizações ligadas por um
ou diversos tipos de relacionamentos. A partir do momento em que as empresas de
uma mesma cadeia produtiva passam a cooperar entre si para elevar sua
competitividade, começam também a ter objetivos comuns. É evidente que os
negócios gerados pela atividade turística envolvem direta e indiretamente
outros setores com repercussão na alocação da produção no contexto econômico.
Podemos afirmar que é urgente a
necessidade de se discutir o turismo como rede de negócios. O primeiro passo
deve ser dado pelo poder público, ou na inércia deste, pela comunidade.
Claudia Paschoal
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