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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A POLÍTICA DE TURISMO DE UBATUBA AO LONGO DO TEMPO


A Lei Orgânica do Município (1990), em seu artigo 237, classifica Ubatuba como pólo turístico, ressaltando que o turismo é a principal fonte de renda, e que seu desenvolvimento econômico se dará através do incentivo da atividade turística, que deverá ser realizada de forma a contribuir para elevar o nível de vida e o bem-estar da população local.
O que presenciamos é mais uma teoria que, ao longo de 24 anos, nunca foi aplicada.  Isso se deve  porque historicamente o que se pratica em Ubatuba não são políticas públicas e sim políticas governamentais. A cada governo uma nova “política”, para aquele momento especifico,  meramente institucional e administrativa, sem profundidade e objetividade, sem visão de longo prazo. Quem sofre? Todos, moradores e turistas, que ao longo do tempo vêem o  Município em declínio, a falta de envolvimento da comunidade e  a falta de estrutura e planejamento.
O que precisamos é de um plano tecnicamente eficiente e politicamente viável, parece que essa é uma equação irresolúvel.  Sempre que um plano é muito bom tecnicamente é politicamente inviável, e  não será executado,  o mesmo se dá ao inverso. Quais os critérios que devem ser adotados para que se tenha equilíbrio entre os aspectos técnicos e políticos do planejamento?
Pela minha visão tacanha, o principal é uma relação entre a parte administrativa e a parte política, visando o coletivo. Parece utópico? Talvez o seja. Mas, o interesse coletivo deve prevalecer, e  os poderes executivo e legislativo devem fazer a sua parte, de terem suas ações voltadas para o interesse público, já que foram eleitos pela maioria para servirem a população. Cabe a comunidade se apoderar de seus direitos e cobrar de seus eleitos que cumpram com seus deveres, atuando em favor do real interesse coletivo, adotando políticas públicas aplicáveis do ponto de vista financeiro, econômico e político.
Um dos principais problemas da ausência de planejamento em localidades turísticas reside no crescimento descontrolado, que pode levar à descaracterização e à perda da originalidade das destinações que motiva o fluxo dos turistas, bem como, o empreendimento de ações isoladas, esporádicas e eleitoreiras desvinculadas de uma visão ampla do fenômeno turístico, como mencionado.  
 Para se alterar a situação de estagnação e declínio que se encontra o Município de Ubatuba é necessário a realização de um planejamento de longo prazo,  que  permite a tomada de medidas quantitativas e qualitativas capazes de  conduzir a um produto turístico  de qualidade,  que traz benefícios  à população residente e aos turistas . O  desenvolvimento do turismo promove a  integração do homem com o meio ambiente, possibilitando a conservação e revitalização da herança cultural e natural, principalmente quando há o envolvimento de todos os atores,  garantindo a satisfação do turista que busca conhecer novas culturas, contribuindo para elevar  o nível de vida da população local, como estabelecido na nossa Lei Orgânica.
Precisamos aprender a planejar o turismo como rede de negócios, o que é uma mudança de paradigma.  A rede de negócios é uma configuração de relações entre atores sociais, ou seja, um grupo de organizações ligadas por um ou diversos tipos de relacionamentos. A partir do momento em que as empresas de uma mesma cadeia produtiva passam a cooperar entre si para elevar sua competitividade, começam também a ter objetivos comuns. É evidente que os negócios gerados pela atividade turística envolvem direta e indiretamente outros setores com repercussão na alocação da produção no contexto econômico.
Podemos afirmar que é urgente a necessidade de se discutir o turismo como rede de negócios. O primeiro passo deve ser dado pelo poder público, ou na inércia deste, pela comunidade.

Claudia Paschoal